Regiões metropolitanas tendem a sentir efeitos do desemprego e cidades menores devem representar 70% dos gastos em compras em 2015

 

 

Lis Sayuri/13-06-2014
Consumo no interior aumentou com o crescimento da renda e com
a consequente migração de shoppings centers para as cidades menores

 

 


Com o maior impacto da crise econômica em grandes centros brasileiros do que em cidades menores, a tendência da interiorização do consumo tende a aumentar no País. A participação em valores das 27 capitais em relação ao total caiu de 45,7% em 1995 para a previsão de 32,5% neste ano, conforme o IPC Maps 2015, da IPC Marketing Editora. Movimento que deve se acelerar pelo fraco desempenho de setores produtivos mais presentes em capitais, como a indústria, em relação ao ainda bom momento vivido pelo agronegócio. 

Somente na comparação entre as edições do IPC Maps de 2014 e de 2015, a representatividade dos municípios do interior deve aumentar de 67,5% para 70,0%, ou 2,5 pontos percentuais. "Como os valores de consumo dependem de renda, a renda depende de emprego e o emprego depende da existência de empresas, a explicação mais provável é que a quantidade de empresas e, principalmente, de empregos, cresceu mais no interior do que nas regiões metropolitanas", afirma o diretor da IPC Marketing Editora e responsável pela publicação IPC Maps, Marcos Pazzini.

No Paraná, foram divulgados apenas dados que comparam 2009 a 2014. No período, a Região Metropolitana de Curitiba perdeu participação, ao passar de 41,3% do total para 35,2%. A diferença é maior do que na comparação com o Sul, que registra redução de 38,9% para 33,8% no peso das capitais, principalmente porque Florianópolis não é a maior cidade de Santa Catarina. 

Quando observados os dados de julho do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, é possível observar que o setor industrial é o que mais tem perdido postos de trabalho, e a indústria se concentra, no Paraná e na maioria dos estados, nas regiões metropolitanas. "As demissões estão ocorrendo em setores mais presentes na região de Curitiba, como metalúrgico e automotivo. Estados mais agrícolas, que é o setor que mais tem crescido nos últimos anos, têm gerado maior consumo no interior", explica o economista Roberto Zurcher, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). 

Ainda, Zurcher complementa que o agronegócio no Paraná e mesmo parte da indústria estão ligados ao setor alimentício, que sente menos a crise. "A renda não cai tanto no interior quanto na capital", diz, antes de completar que o consumo sai menos prejudicados nessas regiões. 

Para o economista da Fiep, é preciso entender que o consumo no interior também aumentou com o crescimento da renda nos últimos anos e com a consequente migração de shoppings centers para as cidades menores, o que diminui os deslocamentos do consumidor. 

O diretor do IPC Marketing afirma que o empresário que não estiver atento para essa tendência já não tão nova tende a sair prejudicado. "Principalmente as pequenas e médias empresas, que não são habituadas a trabalhar o planejamento de maneira profissional, continuam a focar mercados que já não têm a força de antigamente e, com isso, têm maiores dificuldades em conseguir objetivos de vendas", diz. "Ao não conseguir atingir seus objetivos financeiros, esses empresários tendem a fazer cortes e levar a demissões de funcionários", completa Pazzini. 
 


Fonte: Folha de Londrina, 19 de outubro de 2015