Alta da cotação do dólar e redução das importações de produtos acabados pela queda do poder aquisitivo do consumidor dão ao Estado melhor resultado em cinco anos

Câmbio
Economista da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Roberto Zurcher acredita que o Paraná deva voltar a se manter com saldo positivo. "Tivemos quatro anos com resultado negativo porque, mesmo com a reação das cotações das commodities, o câmbio estava desvalorizado", conta. A cotação da moeda norte-americana abriu 2015 em R$ 2,69 e fechou em R$ 3,90, diferença de 44,9%.
Zurcher considera que a redução no consumo de produtos acabados importados e de combustíveis deve continuar em 2016, mas que a recuperação da economia tende a ser ser demorada. "Assim como demorou para ocorrer a substituição de insumos nacionais por importados quando o real ficou valorizado, o processo contrário também não é automático. Os contratos de comércio são de longo prazo e pode ser preciso contar com mais investimentos, porque alguns fabricantes de insumos talvez nem existam mais", explica.
Para o consultor econômico da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Marcos Rambalducci, a diferença no Paraná é a maior vocação para a agroindústria. "O Estado tem a perspectiva de direcionar nossa produção ao exterior mais rapidamente porque é forte no setor agrícola, ao contrário do que ocorre com São Paulo, por exemplo, que tem uma indústria de maior valor agregado", conta.
Rambalducci lembra que a maior parte dos economistas prevê hoje a manutenção ou até a valorização do dólar em até R$ 4,20. "Isso torna inviável a importação, facilita a retomada da produção nacional e deixa o País menos vulnerável a algum ataque especulativo, porque mantém uma entrada maior do que a saída na balança comercial", completa.
Peso negativo
Os analistas não descartam que o dólar na casa dos R$ 4 pressione ainda mais a inflação nos próximos meses. "Há pressão dos insumos importados para produtos que o País deixou de produzir diante da falta de competitividade, como os eletroeletrônicos", cita Zurcher. "No caso de alimentos, o câmbio elevado faz com que os produtores prefiram exportar e isso inflaciona o preço no mercado interno", completa.
