Novo relatório da Oxfam aponta que 62 pessoas mais ricas do mundo têm a mesma riqueza da metade mais pobre da população; em 2010 eram 388

 

Os 62 indivíduos mais ricos do mundo têm uma riqueza equivalente à da metade mais pobre da população mundial, diz relatório divulgado ontem pela organização humanitária internacional Oxfam. O documento indica que a concentração de renda se acelerou recentemente, já que em 2010 seria necessário reunir a riqueza dos 388 mais ricos para se equiparar à dos 50% mais pobres. O relatório, intitulado "Uma economia para 1%: como o privilégio e o poder na economia conduzem a desigualdade extrema e como isso pode ser detido", foi preparado para apresentação no encontro do Fórum Econômico Mundial, que começa amanhã em Davos (Suíça). 

Segundo o sumário distribuído à imprensa, "a desigualdade descontrolada criou um mundo no qual 62 pessoas têm tanto quanto a metade da população mundial" e que "esse número caiu dramaticamente de 388 em 2010 e 80 no ano passado". "O 1% mais rico agora tem mais riqueza do que o resto do mundo combinado", afirma o texto. 
 

O documento diz que "a riqueza da metade mais pobre da população mundial - isso é, 3,6 bilhões de pessoas - reduziu-se em US$ 1 trilhão desde 2010. Essa queda de 41% aconteceu apesar de a população global ter crescido em cerca de 400 milhões de pessoas durante o período. Enquanto isso, a riqueza dos 62 mais ricos cresceu em mais de meio trilhão de dólares, para US$ 1,76 trilhão. Apenas nove dos 62 são mulheres". 
 

"Embora líderes mundiais tenham falado cada vez mais sobre a necessidade de combater a desigualdade, o abismo entre os mais ricos e o resto ampliou-se dramaticamente nos últimos 12 meses. A previsão da Oxfam, feita antes do encontro de Davos do ano passado, de que o 1% mais rico possuiria mais do que o resto de nós até 2016, na verdade tornou-se realidade em 2015, um ano antes", prossegue o documento.
 

EVASÃO FISCAL

O foco da campanha da Oxfam neste ano é o combate à evasão fiscal. "Globalmente, estima-se que os indivíduos super-ricos têm um total de US$ 7,6 trilhões em contas no exterior. Se impostos fossem pagos sobre a renda que essa riqueza gera, US$ 190 bilhões extras estariam disponíveis para os governos anualmente", diz o relatório. Segundo o documento, "estima-se que 30% de toda a riqueza financeira da África é mantida no exterior, custando cerca de US$ 14 bilhões em receita fiscal perdida a cada ano". 

"Já não é suficientemente bom para os mais ricos fingirem que sua riqueza beneficia o resto de nós, quando os fatos mostram que a recente explosão da riqueza dos super-ricos veio às custas dos mais pobres", afirmou Mark Goldring, executivo-chefe da sessão britânica da Oxfam.
 


Fonte: Folha de Londrina, 19 de janeiro de 2016