Sob efeito da crise econômica, índice de confiança dos empresários da construção civil do Paraná é o mais baixo desde 2009

 


No final de 2008, a crise mundial chegou até o Brasil e influenciou negativamente o Índice de Confiança do Empresário da Construção (Icec-PR), medido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). Em janeiro de 2009, o índice estava em 55,7 pontos, ainda na área do otimismo (medido de 50 pontos para cima). Apesar de a crise em 2009 ter trazido sérias consequências à economia do País, as condições em que o Brasil se encontrava ainda eram bem melhores do que as atuais, afirma o superintendente da Fiep, Reinaldo Tockus. 


Neste mês de janeiro de 2016, o Icec-PR bateu o recorde de 2009 para o mês e chegou a apenas 33 pontos, com queda de 0,2 em relação a dezembro de 2015 e de 9,3 na comparação com o mesmo período de 2015. Este é o 22ª mês consecutivo em que o índice fica na área do pessimismo. O Icec-PR aponta as condições e as expectativas dos empresários em relação à sua empresa e à economia. O que o levou a obter o pior desempenho desde 2009 foi o indicador de condições das empresas, que teve queda de 2,4 em relação a dezembro de 2015. 

"Em função das condições econômicas na época, o impacto foi menor que agora. Naquela ocasião tínhamos uma dívida pública menor, mais reserva internacional, economia bastante aquecida, mercado interno em pleno vigor. Hoje temos dificuldade de crédito, mercado interno em recessão, economia retraída dia após dia e índice de desemprego que nunca tivemos antes." 

Segundo Tockus, o índice de confiança de janeiro de 2016 teve queda em função do panorama econômico da Construção Civil, que enfrentou intensificação dos juros de financiamento e aumento nos custos da construção. "Isso inibe o comprador e afeta toda a cadeia", comenta o superintendente. "A empresa não gera mais estoque e se retrai, fica pessimista." 

Para 2016, a expectativa é que o clima se mantenha o mesmo. "A expectativa é que, se houver melhoras, sejam pontuais e que o ano seja de desafios para o setor. As empresas irão cumprir os contratos em processo, manter o mínimo da estrutura e da otimização possíveis. Os investimentos serão muito pontuais, serão só onde exista expectativa de segurança." 
 

SINDUSCON

O vice-presidente administrativo do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte do Paraná (Sinduscon Norte/PR), Gerson Guariente Jr., comenta que em janeiro de 2015 os empresários da construção tinham expectativas bem diferentes do que têm hoje, por isso a queda de 9,3 de um período para outro. "Terminamos o ano com inflação de 11%, retração de 4% na economia com situação de desarranjo político e econômico e sem perspectiva de melhora." Com pouca perspectiva de recondicionamento econômico, os empresários do setor descartam qualquer planejamento para o horizonte próximo, diz Guariente Jr. "O cenário é bem mais desarranjado que em janeiro de 2015. Olhar para ele com algumas expectativas positivas seria até uma certa irresponsabilidade." 

O cenário da economia se reflete no baixo número de lançamentos imobiliários para acompanhar o ritmo de vendas, na demissão de pessoal e na falta de repasse de verbas para as obras públicas. "É momento de olhar com calma para, quem tem condições, tentar traçar uma estratégia para sobreviver ao período de crise e fazer alguma expectativa. Mas pelo menos para estes seis primeiros meses não há nenhuma perspectiva de negócios", finaliza o vice-presidente do Sinduscon Norte. 
 

 

Fonte: Folha de Londrina, 25 de janeiro de 2016