A quantidade de endividados em relação ao total de habitantes do Paraná caiu de 88,4% em janeiro do ano passado para 85,7% no mês passado, mas ainda é considerada alta quando comparada à média nacional. A fatia de brasileiros que está com a renda futura comprometida com o pagamento de dívidas cresceu de 57,5% para 61,6% no mesmo período. Entretanto, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio-PR) alerta que os dados divulgados ontem mostram que o que ocorre no Estado é a busca por um equilíbrio financeiro nas contas familiares, já que os índices estão entre os maiores do País. 

Quando considerados os índices de pessoas com contas em atraso, o desempenho no Paraná também caiu de 27,4% em janeiro de 2015 para 25,7% no mês passado. Sobre a população sem condições de pagar as dívidas, o resultado foi de 11,9% para 11,4% em um ano. Apesar dos indicadores nacionais também terem aumentado, ao passarem de 17,8% para 23,7% e de 6,4% para 9,0%, respectivamente, ainda estão abaixo dos níveis no Estado. 

O diretor de Planejamento e Gestão da Fecomércio-PR, Rodrigo Rosalém, afirma que o que ocorre é um movimento do paranaense para tentar equilibrar as contas, principalmente em tempos de crise. Para ele, há um exagero no endividamento estadual. "É uma conscientização de que se deve pagar as dívidas existentes antes de fazer novas, principalmente pelas altas taxas de juros no mercado hoje, que encarecem o crédito", diz. 

O cartão de crédito é o maior vilão das contas familiares paranaenses, com 73%. Na sequência aparecem financiamentos imobiliários (9%) e de veículos (9%), carnês de parcelamento (3%), crédito pessoal (3%), empréstimos consignados (2%) e cheque especial (1%). O diretor da Fecomércio-PR alerta sobre a importância do consumidor reduzir as dívidas, principalmente devido à possibilidade de aumento do desemprego. 

Ainda, afirma que a diferença entre os índices estadual e nacional não deve ser explicada por questões econômicas, mas de falta de disciplina. "Existe uma questão cultural de se endividar mais no Sul do País em relação ao que ocorre no Nordeste, onde o costume de usar o cartão de crédito não é usual, e também pelo maior nível de empregos formais no Paraná, que dá mais acesso ao crédito." 

 




 


Fonte: Folha de Londrina, 02 de fevereiro de 2016