Setor cresce 304% em 2015 e passa a contar com incentivos para produção residencial com custo a partir de R$ 13,5 mil

 

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Aneel estima que 1,2 milhões de geradores de energia solar sejam instalados em casas e empresas em todo o Brasil até 2024.



O consumidor ganhou neste ano incentivos para a geração de energia solar residencial ou empresarial, que vão além do empurrão provocado pelos altos reajustes promovidos em 2015 pelas empresas concessionárias de todo o País. Passou a valer no último dia 1º de março a Resolução 687/2015 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que regulamenta a autoprodução, reduz a burocracia e permite que pessoas físicas e jurídicas se juntem para economizar na conta. Ao mesmo tempo, empresas e financeiras criam soluções para facilitar o acesso ao sistema, com custo inicial de R$ 13,5 mil.


A expectativa da Aneel é que 1,2 milhões de geradores de energia solar sejam instalados em casas e empresas em todo o Brasil até 2024. Para isso, regulamentou a compensação de energia para que, por exemplo, o consumidor produza eletricidade em uma casa de veraneio, forneça à rede geral e consuma os créditos em um apartamento. Essa "troca" também permite a adesão de condomínios ou grupos de moradores, com ampliação do prazo para uso da energia de 36 para 50 meses, entre outras vantagens.

 

http://www.folhaweb.com.br/img/2016/04/img_1297.jpgO engenheiro Antonio Furlanetto Neto observa que, por se tratar de um investimento, a procura por autoprodução aumentou mesmo com a crise econômica


Depois de um 2015 de seca, que levou à disparada das tarifas, dados das empresas do setor apontam para um aumento de 304% na procura pela autoprodução. No Paraná, a Aneel autorizou dois reajustes pela Companhia Paranaense de Energia (Copel) em 2015, de 36,79% em março e de 15,32% em junho. O encarecimento do serviço fez com que a empresa paulista Solar Soluções abrisse um escritório em Londrina, há três meses. "A procura maior foi no Paraná, principalmente depois do aumento da tarifa do último ano, o que foi um dos gatilhos que trouxeram a empresa para cá", diz o sócio e engenheiro de projetos Julio Greca.


Também sócio da Solar Soluções e engenheiro de implantação, Antonio Furlanetto Neto afirma que a procura aumentou mesmo com a crise econômica, porque se trata de um investimento.


Porém, a adesão não está nem próxima da Alemanha, onde 97% das residências contam com a autogeração, diz. "A melhor incidência de sol da Alemanha é pior do que a nossa pior, e só temos 2 mil sistemas homologados no País", completa.



Menos dependência


Gestor de vendas da empresa paulista Blue Sol, o engenheiro João Paulo Souza afirma que há interesse grande do governo em fomentar a adesão para diminuir a dependência da matriz hidrelétrica, hoje de 65%. Ele acredita que se trata da solução mais rápida para garantir o fornecimento nacional. "Se temos geração no ponto de consumo, diminui-se o gasto com linhão, com subestação e é possível sanar problemas locais de abastecimento", conta.

Souza aponta que a inflação nacional sobre a eletricidade foi superior a 56% nos últimos três anos. "Para 2016, existe a expectativa de crescimento de 600% no setor, mesmo com a crise, porque é uma solução que reduz custos e serve como investimento", diz.



Novos incentivos


O Ministério de Minas e Energia (MME) lançou em dezembro o Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD), para ampliar e aprofundar as ações de estímulo à geração pelos próprios consumidores. A expectativa é movimentar pouco mais de R$ 100 bilhões em investimentos até 2030. O gestor de vendas da Blue Sol diz que um grupo deve divulgar em maio uma proposta de novos incentivos ao setor. "O desafio é encontrar uma solução para diminuir a tributação sobre peças e equipamentos importados e ao mesmo tempo trazer empresas para que fabriquem tudo aqui, com redução de custos de instalação", explica.

 

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Fonte: Folha de Londrina, 11 de abril de 2016.