Washington, EUA – O desemprego no Brasil terá alta pronunciada em 2016 e 2017, prevê o FMI (Fundo Monetário Internacional) em relatório lançado ontem. Segundo o Fundo, a economia brasileira sofrerá contração de 3.8% neste ano, uma piora em relação a sua última projeção, de janeiro, de um recuo de 3,5%.
Assim como em janeiro, o Brasil é novamente o País com o pior crescimento entre as 16 economias incluídas em uma tabela do estudo. Após 2016 o FMI prevê um esboço de recuperação, mas a economia brasileira ficará estagnada em 0% de crescimento em 2017.


O relatório Panorama Econômico Global é lançado na véspera da reunião semestral do FMI e do Banco Mundial, que reúne nesta semana em Washington 120 presidentes de Bancos Centrais e 115 ministros de Finanças entre cerca de 8.500 participantes.


Como indica em seu título, "Lento demais, por tempo demais", o relatório do FMI confirma que a retomada da economia mundial é mais lenta do que se esperava, "num ritmo cada vez mais frágil". O Fundo reduziu sua projeção para o crescimento global neste ano de 3,5% em janeiro para "modestos 3,2%".


Além da recuperação mais lenta de economias avançadas, como EUA, União Europeia e Japão, e a contínua fraqueza da maioria dos emergentes, o estudo atribui a queda à volatilidade nos mercados financeiros.


No Brasil, uma possível melhora no PIB no próximo ano não significará mais empregos. De acordo com o estudo, o desemprego no Brasil subirá de 6,8% em 2015 para 9,2% em 2016 e 10,2% em 2017. "A recessão cobra seu preço no emprego e na renda real", afirma o estudo. Embora aponte em várias de suas 230 páginas que instabilidade política tem afetado negativamente a atividade econômica em muitos países, o relatório é discreto ao falar do Brasil, e não menciona diretamente a crise política. Mas ressalta que "Incertezas domésticas continuam a restringir a capacidade do governo de formular e executar políticas". A falta de clareza no cenário político torna difícil fazer previsões sobre o Brasil, indica o Fundo.



ESFORÇO FISCAL


Em suas recomendações ao Brasil, o relatório afirma que o País deve "perseverar em seus esforços de consolidação fiscal para dar uma virada na confiança e nos investimentos". Com sua margem para fazer cortes de despesas severamente limitado, afirma o Fundo, "impostos são necessários no curto prazo", mas o maior desafio é reduzir a rigidez e a "insustentabilidade" no lado dos gastos. "A redução da inflação para a meta de 4,5% em 2017 vai exigir uma política monetária apertada. Reformas estruturais para aumentar a produtividade e a competitividade, incluindo os programas de concessões de infraestrutura, são essenciais para revitalizar o crescimento potencial". A inflação deve ter uma pequena queda no Brasil em 2016, projeta o Fundo, de 9% no ano passado para 8,7%, "à medida em que os grandes ajustes de preços administrados e desvalorização da moeda de 2015 diminuírem". A inflação oficial no Brasil em 2015 foi de 10,67%, bem acima do teto da meta do governo, de 6,5%.




Fonte: Folha de Londrina / Folhapress, 13 de abril de 2016.