Em junho, número de famílias com dívidas no País foi de 62% e, no Estado, de 88,8%
Em junho, o número de famílias endividadas sofreu uma leve queda no Brasil e um aumento no Paraná. No primeiro caso, foi de 62,5% em maio para 62% no mês passado e, no segundo, de 87,5% para 88,8%. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, há estabilidade. É o que mostra a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada ontem pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), e pela Federação do Comércio (Fecomércio) do Paraná. No Brasil, o total de famílias endividadas em junho do ano passado era de 62% e, no Estado, de 88,7%.
"Na região Sul, o porcentual de endividados é sempre maior. Em junho, 66,9% se disseram com dívidas", afirma a economista da CNC, Marianne Hanson. Segundo ela, os motivos são mais facilidade de crédito e renda maior na região. "Se a gente vê a inadimplência, proporcionalmente, ela é menor no Sul." No Brasil, 27,1% estão com dívidas em atrasos, enquanto no Paraná, a porcentagem é de 21,3%. Enquanto 9,2% dizem que não vão conseguir pagar as dívidas no País, no Paraná, são 7,9%.
O vice-presidente da Fecomércio-PR, Paulo Naviack, afirma que, por ter mais renda, as famílias da região Sul naturalmente têm mais dívidas. Mas, para ele, é difícil explicar tamanha diferença. "O paranaense é mais transparente na hora de dar a informação na pesquisa", arrisca. Ele ressalta que 15% dos que ganham acima de 10 salários mínimos estão endividados com financiamento imobiliário. "Isso é um reflexo da pujança do Estado."
Naviack diz que o nível do endividamento do paranaense ainda não comprometeu a atividade comercial, mas que o sinal amarelo está aceso. "Em média, as famílias paranaenses comprometem 31% do orçamento com dívidas. Já é hora de começar a se preocupar", declara. Especialistas dizem que as dívidas não devem superar 30% do orçamento familiar.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Valter Orsi, afirma que o alto endividamento no Paraná demonstra que a população tem poder de compra. "Isso é positivo", considera. A estabilidade da dívida tanto no âmbito nacional como no estadual mostra, segundo ele, que o consumidor está receoso. "Está empenhado em pagar as dívidas atuais e postergar novas compras", declara.
De acordo com Orsi, o consumidor brasileiro está mais maduro. O fato de, apesar da crise, a inadimplência e o endividamento não terem "explodido" seria prova disso.
Inadimplência
No Paraná, a inadimplência está menor em junho deste ano (9,2%), que no mesmo mês do ano passado (9,9%). Mas, no Brasil, ela está maior: 7,9% neste ano contra 6,6% em junho de 2014. Segundo a economista da CNC, o indicador tende a se deterior nos próximos meses em função do cenário de aperto nas condições de crédito e do recuo na renda do trabalhador brasileiro. "É um sinal amarelo. Uma parcela das famílias não vai conseguir acomodar esse aumento do custo do crédito na sua renda, que está recuando em termos reais. Então há uma perspectiva de piora adicional nos indicadores de inadimplência", diz Marianne.
Ela explica que, apesar de elevada, a fatia de famílias que afirmam não ter capacidade de pagamento no curto prazo ainda está longe do pior nível da série histórica, de 10%, atingido em janeiro de 2010.
A economista chama atenção para o fato de que a inadimplência tem avançado mais entre famílias com renda inferior a dez salários mínimos, cujo perfil de endividamento desfavorável em termos de prazo e custo do crédito. Já as famílias com renda superior a dez salários mínimos costumam buscar modalidades de financiamento de mais longo prazo, para a compra de itens como veículos, imóveis e eletrodomésticos. (Com Agência Estado)

Fonte: Folha de Londrina, 1º de julho de 2015