O economista Roberto Zurcher, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), afirma que o problema principal para o setor é ter de recolher impostos antes de receber pelo produto. Assim, há possibilidade para que o cálculo considere um valor, e a margem da cadeia, que é a mais extensa entre as atividades, seja menor. Sem contar que o bem pode demorar a ser comercializado apesar de o imposto já ter sido pago.
Por isso, Zurcher considera que o ideal seria o governo desonerar tributos como o ICMS e PIS/Cofins, que são antecipados, e aumentar no IRPJ e na CSLL, que são feitas depois de definido o tamanho da renda e do lucro. "Todo o sistema produtivo é onerado com imposto antes de o produto chegar ao consumidor e isso aumenta a necessidade de capital de giro. Como os juros aqui são caros, isso prejudica a competitividade e aumenta o preço", diz.
O presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), João Eloi Olenike, afirma que os produtos industriais têm muito valor agregado ao longo da cadeia, o que aumenta o peso dos tributos. O resultado é que mais de 70% dos impostos são cobrados sobre o consumo e a menor parte sobre propriedade e renda. "O governo deveria dar condições de a empresa ser mais lucrativa e depois tributar o lucro, mas prefere matar a galinha dos ovos de ouro e tirar antes", diz.
O professor de economia Sidnei Pereira do Nascimento lembra que o custo é elevado para gerenciar o recolhimento diante do excesso de tributos, o que é pior na indústria, cuja cadeia é mais longa. "O Brasil é o único País que exporta tributos, porque as empresas recolhem na produção, têm de incluir o peso no custo e, quando o bem chega a outro país, há mais impostos sobre importados. Isso acaba com a competitividade." (F.G.)
Fonte: G1, 09 de fevereiro de 2015