m 12 meses índice alcançou 10,20% e é o maior do País; no ano acumula alta de 7,37%

 

 

Theo Marques
No País, o grupo alimentação, com alta de 0,63%,
pressionou a inflação de junho

 

 

A inflação de Curitiba, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou junho em 0,91%. No ano, a alta acumulada é de 7,37% e, nos últimos 12 meses encerrados em junho, Curitiba registrou 10,20% e atingiu a maior inflação do País e a única com dois dígitos entre as 13 capitais pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 
 

O IPCA de Curitiba ficou maior que o índice nacional em todas as comparações. No Brasil, em junho o avanço foi de 0,79%, no ano de 6,17% e nos 12 meses de 8,89%. No entanto, a inflação no País nos 12 meses foi a maior desde dezembro de 2003 e, em junho, o índice foi o mais elevado desde junho de 1996. 

Em Curitiba, a alta de junho foi puxada principalmente pelo preço de alimentos e bebidas (0,47%) que sofreram os efeitos das chuvas. Nesse grupo, um dos itens mais afetados foi a cebola, com alta de 18,05% em junho. Em 12 meses, o preço da cebola subiu 173,2%. 
 

Outro grupo que também influenciou bastante a inflação do mês na capital paranaense foi habitação (1,58%), com o reajuste dos preços do aluguel (0,88%), condomínio (1,56%) e taxa de água e esgoto (4,93%), que sofreu o impacto da segunda parcela do reajuste da tarifa da Sanepar, de 6%, aplicada a partir do início de junho. O reajuste anual da Sanepar neste ano foi de 12,5%, sendo 6,5% em março e o restante em junho. E, agora provavelmente a companhia terá mais um aumento de 8% a ser aplicado possivelmente em setembro. 
 

O IPCA de Curitiba também sofreu parte do reajuste de 15,32% da tarifa de energia elétrica aplicado a partir de 24 de junho. Em junho, a energia registrou inflação de 2,49% e nos 12 meses acumula 89,57% de alta. 
 

Para o coordenador do curso de Economia da Universidade Positivo, Lucas Dezordi, os itens que puxaram a inflação de Curitiba são alimentos e energia. Além disso, Curitiba e o Paraná como um todo, sofreram com o aumento do ICMS promovido pelo governo estadual a partir de abril. "O reajuste da energia para o Paraná também foi um dos maiores do País", lembrou. Com todo este cenário, ele prevê que a inflação da capital feche o ano cerca de um ponto percentual maior que o índice do Brasil, que ele estima em 9% a 9,5% ao final de 2015. Para 2016, ele acredita que a inflação no País poderá vir mais bem comportada na casa de 6%, caso o governo não mexa nos preços administrados e consiga concluir o ajuste fiscal. 
 

O economista do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Francisco José Gouveia de Castro, também concorda que alimentos e energia foram os itens que mais pesaram na inflação de Curitiba em junho. O desempenho da inflação na capital ao longo do ano ainda vai depender muito do que vai ocorrer com os preços dos alimentos, segundo ele. 
 

BRASIL
No País, os alimentos com alta de 0,63% pressionaram a inflação de junho em função das chuvas que têm afetado vários produtos. Entre os alimentos que mais subiram estão cebola (23,78%) e batata (6,97%) 
 

Os jogos de azar, com alta de 30,80% influenciaram o grupo de despesas pessoais que teve alta de 1,63%. Passagens aéreas que subiram 29,19%, tarifa de água e esgoto que teve aumento de 4,95% e os jogos de azar foram responsáveis por 0,29 ponto percentual da inflação do mês no Brasil. Também houve avanço significativo de saúde e cuidados pessoais (0,91%) influenciado pela alta de 0,64% nos remédios. 
 

Para Dezordi, a alta dos alimentos ainda é reflexo do aumento do dólar. Ele explicou que o repasse cambial geralmente dura seis meses, mesmo depois que a cotação da moeda estabiliza. Ele prevê que o consumidor terá que conviver mais alguns meses com a inflação alta e, para isso, será obrigado a controlar ainda mais o orçamento. Castro acredita que a tendência é continuar com a inflação alta que, para diminuir, vai depender do câmbio e da política do Banco Central sobre os juros.


Fonte: Folha de Londrina, 09 de julho de 2015