O levantamento do SPC Brasil constatou que os consumidores mais jovens são os que menos adotam práticas adequadas de consumo. O percentual de atitudes corretas, que é de 69,3% para a população em geral, sobe para 74,2% entre os entrevistados com mais de 56 anos e cai para 64,5% entre o universo de consumidores com idade entre 18 e 29 anos. 

Quando comparado ao geral, a maior concentração de entrevistados na categoria dos "nada ou pouco conscientes" é encontrada, justamente, na faixa de 18 a 29 anos: 46,3% contra somente 31,2% do total da população. Na mesma comparação, entre os "não conscientes", há uma participação maior de homens (61,3%). 

Entre os consumidores "em transição", ou seja, aqueles que combinam atitudes adequadas e inadequadas - e que representam mais da metade dos brasileiros -, nota-se uma presença maior de mulheres (60,2% contra 51,3% do universo de entrevistados) e de consumidores da classe C (81,7% contra 77,8% no geral). 

"Podemos concluir que o consumidor médio brasileiro está em transição quando se considera práticas conscientes e sustentáveis relacionadas ao consumo. Ele chega a adotar algumas ações, mas não na frequência e na quantidade suficiente. Além disso, percebe-se que mesmo sendo mais informados e instruídos do que as gerações passadas, os jovens não praticam atitudes plenamente responsáveis na hora de consumir. Isso pode ser explicado pelo fato de que neste período de vida as pessoas são mais individualistas e preocupadas em atender suas próprias necessidades", explicou a economista do SPC, Marcela Kawauti. 

Levando em consideração as atitudes de impacto social, a menos frequente é a recusa em comprar produtos piratas. Somente um pouco mais da metade dos entrevistados (50,6%) alegaram não comprar produtos nestas condições mesmo que o peço seja baixo. 

O gerente financeiro do SPC, Flávio Borges, disse que na compra do produto pirata, o consumidor acaba cometendo os três pilares da fraude que são a racionalização (a pessoa justifica para ela mesma que é justo comprar produtos não originais), a oportunidade (pela fiscalização insuficiente) e o incentivo, que leva em conta que o produto pirata é mais barato. 

Diante do comportamento predominantemente inconstante do brasileiro, que ora pratica ações adequadas e ora deixa de agir de modo consciente, o SPC Brasil procurou entender o que impede as pessoas de tomarem atitudes responsáveis com relação ao consumo. A justificativa mais citada pelos consumidores entrevistados é a falta de tempo (26,5%), principalmente entre os homens (30,3%) e os mais jovens (36,7%). Logo depois vem a distração ou esquecimento (25,4%), que também é mais frequente entre a parcela masculina de entrevistados (29,9%) e pessoas mais jovens (34%). 

Segundo Borges, a falta de tempo ainda é um grande impedimento para atitudes conscientes. "Com isso, as pessoas têm menos tempo para pesquisar sobre questões ambientais." 

Para os especialistas do SPC Brasil, o consumidor brasileiro ainda precisa incorporar mais atitudes conscientes de consumo em seu cotidiano. "Mudanças simples poderiam fazer grande diferença, como planejar melhor as compras, diminuir o tempo no banho e aprender a utilizar de forma mais adequada aparelhos domésticos, como o ferro de passar e a máquina de lavar", lembrou Marcela Kawauti.(A.B.)



Fonte: Folha de Londrina, 27 de julho de 2015