Em Londrina, o Sistema Nacional do Emprego (Sine) abriu fevereiro com a oferta de 1,9 mil vagas
O Sul terminou 2014 com a menor taxa média de desocupação do País, com 4,1%, bem abaixo da nacional, de 6,8%. O maior número de contratações no fim de ano, que derrubou o índice regional em dezembro para 3,8% e o nacional para 6,5%, contribuiu para o resultado, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expectativa, no entanto, é que o indicador volte a crescer nos próximos meses, principalmente pelos ajustes fiscais e pela pressão inflacionária prevista para o ano.
O resultado foi semelhante ao de 2013 para o Sul, quando fechou o quarto trimestre com 3,8% de desempregados e o ano, com média de 4,2%. No País, porém, a taxa dos últimos três meses do ano foram 0,3% acima dos 6,2% de 2013 e a mediana ficou 0,3% abaixo dos 7,1% do ano imediatamente anterior, segundo o IBGE.
É importante ressaltar que a Pnad Contínua considera como desempregados aqueles que procuraram emprego nos 30 dias anteriores. As pessoas maiores de 14 anos que não se encaixam no perfil e não estão ocupadas são consideradas fora do mercado de trabalho, índice que aumentou nacionalmente de 38,9% em 2013 para 39,1% no fim do ano passado. No Sul, a taxa de inativos também foi elevada de 35,9% para 36,4% no mesmo comparativo.
O diretor presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Julio Suzuki, afirma que a redução do contingente de pessoas que procuram emprego é um dos motivos para a redução no índice de desempregados. Ele diz que a desocupação é mais comum entre os mais jovens, não apenas por falta de vagas. "Houve um ganho real nos salários nos últimos anos e isso permite que o filho não precise trabalhar e possa estudar, sustentado pelo chefe de família."
De fato, as faixas etárias de 14 a 17 anos e de 18 a 24 são as puxadoras do índice de desocupação, com média nacional de 21,0% e 14,1% em 2014. Professora de economia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e especialista em mercado de trabalho, Katy Maia diz que é necessário focar o segmento. "A dificuldade ainda é maior para o jovem e é preciso mais políticas e soluções para esse público, para o primeiro emprego", cita. Ela completa que muitos jovens com curso superior deixam de procurar emprego porque desejam abrir o próprio negócio.
Para os próximos meses, a previsão é de elevação no número de desempregados, devido a questões como juros e inflação altos ou ajustes fiscais. "A conjuntura econômica deve refletir no mercado no começo deste ano porque a taxa de investimentos está baixa e o emprego industrial, também", diz a professora.
Há, entretanto, a possibilidade de o profissional buscar vagas de menor remuneração e que exigem baixa qualificação, que ainda estão disponíveis devido ao aquecimento do mercado até então. Em Londrina, por exemplo, o Sistema Nacional do Emprego (Sine) abriu fevereiro com a oferta de 1,9 mil vagas. "A cidade não tem muitas indústrias então existe mobilidade de mão de obra em vagas de menores salários. Londrina precisa de uma política mais eficaz para atrair empresas que gerem empregos de qualidade", sugere Katy.
Para Suzuki, porém, é comum que o trabalhador busque vagas dentro da área na qual trabalhou e com remuneração semelhante. "Em contexto de crise prolongada, essa migração pode ocorrer, mas é incomum em um primeiro momento", diz, ao completar que o cenário também deve indicar ganhos salariais menores no ano.
Fonte: Folha de Londrina, 11 de fevereiro de 2015