Índice regional fecha julho em 0,89% ante 0,62% do nacional e faz com que acumulado na capital bata em 8,32% desde janeiro ou em 10,63% em um ano

 

 

Lis Sayuri/08-04-2015
Reajuste extraordinário de fevereiro (36,69%) e o reajuste anual de junho (15,32%)
somaram 57,60% de alta na tarifa de energia no Paraná


 
 

 

Os reajustes na tarifa de energia elétrica e o preço da alimentação fizeram com que Curitiba mantivesse a liderança no ranking de inflação nas regiões metropolitanas do País, em todos os comparativos. A alta foi de 0,89% em julho, o que representa um acumulado desde janeiro de 8,32% e de 10,63% em 12 meses. No País, as mesmas taxas ficaram em 0,62%, 6,83% e 9,56%, respectivamente, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Individualmente, o custo residencial de eletricidade representou alta 11,40% em julho no Paraná. Um dos motivos para o indicador no Estado, que puxou para cima a média nacional de 4,17% no mês, é a incidência total dos reajustes anuais, o que ainda não aconteceu em outras regiões que ainda podem ter elevações até o fim do ano. O outro foi o represamento de preços por parte do governo federal e do governo estadual, que provocou a alta da tarifa da Companhia Paranaense de Energia (Copel). No total, habitação teve alta de 3,44% na capital e de 1,52% no País. 
 

Outro indicador com peso grande em Curitiba foi alimentação e bebidas, que representou alta em julho de 1,25%, ante 0,65% na média nacional. Conforme o IBGE, os meses de julho costumam ser de baixa nos preços da alimentação, mas o dólar e a energia têm encarecido os custos. "Agricultores em geral têm atribuído muito à questão do dólar os aumentos de preço. Falam também que isso pode levar a uma redução da área plantada, em especial aquelas (culturas) que dependem de irrigação", avaliou a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos. 
 

Para o economista em Curitiba e especialista em mercado de trabalho e finanças públicas Cid Cordeiro, a inflação na capital paranaense pode ficar até 2 pontos percentuais acima da nacional devido a medidas adotadas pelo governo estadual, que pressionam mais os preços, aliadas a erros do governo federal. Ele citou os 57,60% em dois reajustes de energia, que também geraram duas altas na tarifa de água no Paraná, a elevação de 40% no Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e de 50% na cobrança de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de cerca de 90 mil itens. "Como os salários costumam ser corrigidos pelo índice nacional, o paranaense perderá de 1,50 a 2 pontos percentuais no poder de compra em relação ao resto do País no ano", disse Cordeiro. 
 

O diretor de Estatísticas do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Francisco Castro, considerou que a região de Curitiba sofre mais com questões sazonais relativas ao clima do que outras, o que eleva os preços de alimentos e vestuário, por exemplo. Porém, ele acredita que os aumentos de impostos pelo governo do Estado não impactaram tanto na inflação estadual. "Não temos um estudo fazendo essa comparação e, pela diferença que vejo nos índices, não parece ter sido tão significativa." 
 

Cordeiro estimou que a tendência é que a inflação perca fôlego neste ano, mas feche no País em torno de 9,50%. Ele creditou ao governo federal o peso pelo represamento de preços administrados, como energia e combustíveis, e ao governo estadual os impostos e parte do diferimento da tarifa da Copel em 2014, quando havia aprovação de alta de 35%, com pedido de revisão para 24,86%. 
 

 

Copel

Em nota, a Copel informou que o reajuste extraordinário de fevereiro (36,69%) e o reajuste anual de junho (15,32%) somaram 57,60%, sem considerar ainda a incidência das bandeiras tarifárias a cada 100 kWh consumidos. Porém, menos de 1% se deve a custos de operação e manutenção da Copel. "Do valor reajustado em junho, 10% referem-se ao que foi diferido no ano anterior, atendendo a proposta do acionista majoritário, o Governo do Estado, para evitar penalizar ainda mais os consumidores no Paraná", informou. 
 

A companhia creditou ainda a alta à falta de planejamento do governo federal, pelo atraso na operação de novas usinas, à crise hídrica e à necessidade de as distribuidoras comprarem energia cara no mercado de curto prazo.
 



Fonte: Folha de Londrina, 10 de agosto de 2015