Balanço aponta que Estado criou 45 mil novos empregos; País tem saldo positivo 58% inferior ao de 2013 e pior resultado em 15 anos
 

 

 

Arquivo FOLHA
No ano passado, a construção civil puxou a geração de
vagas no Paraná, com 6,5 mil novos postos


 

 



A geração de empregos formais no Paraná perdeu ritmo em 2014 e ficou 47,8% menor do que o total do ano anterior, segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) divulgada ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A criação de vagas que havia sido de 87,7 mil no último dia de 2013 ficou em 45,7 mil na mesma data de 2014, fruto da desaceleração econômica no País, que continua e que provoca resultados negativos em 2015. 

Puxaram o crescimento no ano passado no Estado a construção civil, que gerou 6,5 mil, ou 4,4% a mais, os serviços, com 30,9 mil, ou 3,1%, e o comércio, com 12,5 mil e 1,8%. Tiveram resultado negativo as atividades da indústria da transformação (-7,4 mil e -1,0%), agropecuária, extração vegetal, caça e pesca (-1,4 mil e -1,3%) e serviços industriais de utilidade pública (-175 e -0,65%). 

No País, a desaceleração foi maior, com o pior resultado em 15 anos, segundo o MTE. O número de empregos cresceu 623 mil em 2014 sobre o ano anterior, ou 58,1% a menos do que os 1,489 milhão de 2013 sobre 2012. Em 1999, o total foi positivo em 503,1 mil. 

Para o presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Julio Suzuki, os números refletem a política macroeconômica do governo federal adotada nos últimos anos. "Eram estimulados segmentos voltados à economia doméstica, pelo consumo de produtos e serviços, e não a produção, o que não se sustentou", diz. 

Ele acredita que o saldo positivo de 2014 já se mostrava declinante e não deve continuar no azul neste ano, com a indústria ainda em queda. Nos primeiros sete meses, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), houve recuo de 434 mil vagas no País. 

O economista Fabiano Camargo da Silva, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicas (Dieese) em Curitiba, considera que essa desaceleração vinha desde 2011, causada por fatores externos, como a crise mundial e o menor comércio exterior entre países, e internos, como a pressão inflacionária e os altos juros praticados. "Essa redução do ritmo atingiu não só a economia, mas o mercado de trabalho. Vale destacar que ainda continuou positivo em 2014." 

Especialista em finanças públicas e mercado de trabalho, Cid Cordeiro lembra ainda que o desemprego havia chegado no menor nível no ano passado, o que contribuiu para a menor geração de vagas. "No fim de 2014, esse cenário de recessão também não estava tão bem definido e os empresários ainda achavam que a economia poderia se recuperar. Neste ano, começaram a demitir." 
 

Salário


Já descontada a inflação, a média salarial foi de R$ 2.269,00 em 2013 para R$ 2.303,00 em 2014 no Paraná, alta de 1,49%. No País, foi de R$ 2.406,00 mil para R$ 2.449,00 mil (+ 1,76%). Os analistas acreditam que essa variação real não será tão expressiva assim neste ano, devido à crise e à alta no desemprego. 

Cordeiro conta que o mercado estava influenciado pelo aquecimento e falta de mão de obra, o que não se manteve neste ano. "Entramos em um período de estagnação ou até de queda na média salarial", completa Suzuki. 

Conforme o economista do Dieese, porém, há setores com bons reajustes. "No balanço do primeiro semestre, vimos que houve menor quantidade de categorias que conseguiram aumento real e uma variação percentual menor do que em outros anos, mas o saldo ainda é positivo."


Fonte: Folha de Londrina, 10 de setembro de 2015